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Nestes anos que me dediquei a fazer ou me refazer em retratos, tenho conseguido me aproximar cada vez mais das pessoas, digo, tenho conseguido me aproximar ainda mais de mim mesmo. Hoje, tenho consciência de que há uma parte da vida que só pode ser vivida através de um retrato, em sua forma de guardar um tempo dentro de um tempo. O tempo de um retrato vai mudando de acordo às nossas mudanças. Um retrato visto há um ano pode nos parecer totalmente diferente do mesmo retrato visto hoje. Isso porque mudamos nosso olhar, nossos desejos, nossos medos, e são estes estados de espírito de cada indivíduo que acentua ou oculta a “verdade” de um retrato. Seja como for, eu entendo que o fotógrafo não tem o direito de afirmar que seu retrato contém esta ou aquela “verdade”, porque cada “verdade” depende daquilo que cada um de nós quer mostrar ou esconder e, isto, não se pode transmitir sem distorções na intenção do fotógrafo. A mim, só resta desejar que cada um encontre um pouco de si em meus retratos e ajudem-me a interpretar melhor este outro retrato, que não será mais “meu retrato” e, sim, nosso.           

 

Marcos Cesário

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